segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Aviso sobre aulas desta semana

Olá, turma!

Conforme avisei em sala, estou viajando amanhã para um curso de jornalismo científico em Recife. Com certeza trarei mais conhecimentos para as nossas aulas. Então, vocês estão dispensados nos dias 2 e 4 de setembro.
Aproveitem o tempo para prepararem uma bela apresentação para a semana seguinte, certo?

abraços,


Solange

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

O veneno está na mesa

Artigo científico - Psoríase

Anais Brasileiros de Dermatologia

versão impressa ISSN 0365-0596
An. Bras. Dermatol. vol.84 no.3 Rio de Janeiro jul. 2009
doi: 10.1590/S0365-05962009000300005


INVESTIGAÇÃO



Qual é o tipo de fototerapia mais comumente indicada no tratamento da psoríase? UVB banda estreita e PUVA: comportamento da prescrição*





Ida Duarte-I;
José Antonio Jabur da Cunha-II;
Roberta Buense Bedrikow-III;
Rosana Lazzarini-IV

I-Professora Doutora da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo. Responsável pelo setor de alergia e fototerapia da Clínica de Dermatologia, Santa Casa de São Paulo – São Paulo (SP), Brasil
II-Especializando do Departamento de Dermatologia, Santa Casa de São Paulo – São Paulo (SP), Brasil
III-Médica assistente da Clínica de Dermatologia, Santa Casa de São Paulo – São Paulo (SP), Brasil
IV-Chefe da Clínica de Dermatologia, Santa Casa de São Paulo – São Paulo (SP), Brasil



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RESUMO

FUNDAMENTOS: Formas moderada e grave de psoríase requerem fototerapia e/ou medicações sistêmicas. Tanto UVB banda estreita quanto fototerapia UVA com psoralênicos (PUVA) podem ser utilizadas no tratamento dessas formas de psoríase, sendo comprovada a efetividade de ambas as terapias.
OBJETIVOS: Avaliar as indicações de dois tipos de fototerapia no tratamento da psoríase refratária à terapia tópica: UVB banda estreita e PUVA.
MÉTODOS: Entre janeiro de 2006 e dezembro de 2007, os pacientes encaminhados a dois serviços de fototerapia foram incluídos neste estudo. Dados sobre os casos e tipos de prescrição foram coletados de maneira retrospectiva.
RESULTADOS: Dentre os 67 pacientes estudados, 51 (76%) foram tratados com UVB banda estreita. As razões para sua indicação foram presença de psoríase em gotas (22%), presença de finas placas (15%), uso de drogas fotossensibilizantes (15%), idade abaixo de 20 anos (9%), fototipo I (9%) e doença hepática (6%). Os 16 (24%) restantes foram tratados com PUVA. A principal indicação dessa terapia foi gravidade da doença (15%), seguida de fototipo IV (9%).
CONCLUSÕES: As prescrições de UVB banda estreita excederam as de PUVA devido ao menor número de contraindicações, menor possibilidade de efeitos colaterais, e ainda por ser uma opção mais prática.

Palavras-chave: Fototerapia; Psoríase; Raios Ultravioleta; Terapia PUVA


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INTRODUÇÃO

Psoríase é uma doença crônica, inflamatória e recorrente, com manifestações clínicas e gravidade variáveis. Caracteriza-se principalmente por eritema, infiltração e descamação da pele. Estima-se que 2% a 3% da população mundial seja afetada pela doença.1-3

Terapias tópicas costumam ser suficientes no controle da psoríase de intensidade leve; porém, as formas moderada e grave requerem outras opções terapêuticas, como fototerapia e medicações sistêmicas.4-6

A luz UV tem propriedades anti-inflamatória, antiproliferativa e imunossupressora.7,8 A radiação UV é dividida em UVA (400 – 320 nm), capaz de alcançar a epiderme e derme profunda, UVB (320 – 290 nm), que alcança somente a epiderme, e UVC (290 – 200 nm), que não chega à superfície terrestre. Os raios UVA são subdivididos em UVA I (400 – 340 nm) e UVA II (340 – 320 nm), e a faixa de UVB entre 311 e 312 nm é chamada de UVB banda estreita (UVB "narrow band" – UVB NB). O uso deste tipo de UVB no tratamento da psoríase teve início na década de 80, quando as primeiras lâmpadas de UVB NB foram desenvolvidas (Philips, Eindhoven, Holanda). 7,9 Subsequentemente esse método provou ser efetivo no controle da psoríase, utilizando-se de doses suberitemogênicas.10 Estudos mostraram que UVB NB pode ser mais efetiva que UVB banda larga no tratamento da psoríase,9,10 consequentemente a escolha atualmente deve ser feita entre UVA e UVB NB.

Tanto UVB NB quanto PUVA podem ser utilizadas no tratamento de formas moderada e grave da psoríase, e vem sendo comprovada a efetividade de ambas as terapias.6,11,12 Dessa forma a seleção entre uma ou outra modalidade de fototerapia deve basearse em outros fatores além da eficácia, incluindo segurança, resposta prévia ao tratamento, gravidade da psoríase e adesão ao tratamento.6

O objetivo deste estudo foi avaliar a frequência com que PUVA e UVB NB são prescritas a pacientes com diagnóstico de psoríase que não apresentaram resposta ao tratamento tópico.



MATERIAIS E MÉTODOS

Entre janeiro de 2006 e dezembro de 2007, pacientes com psoríase refratária aos tratamentos tópicos foram referidos para dois serviços de fototerapia (um hospital universitário e uma clínica particular, ambos com a mesma equipe médica, mesmo protocolo de tratamento e mesmos equipamentos) e incluídos neste estudo retrospectivo. Todos os pacientes receberam indicação de UVB NB ou PUVA.

Foram excluídos do estudo aqueles que estivessem usando qualquer terapia combinada (tópica e/ou sistêmica), ou qualquer medicação sistêmica para psoríase nos dois meses que antecederam o início da fototerapia.

Dados demográficos foram retrospectivamente coletados das fichas médicas dos pacientes sob fototerapia. Foram coletados ainda dados quanto ao tipo de pele (segundo classificação de Fitzpatrick),13 tipo de psoríase (vulgar, em gotas ou eritrodérmica),14 gravidade da doença, tipo de fototerapia prescrita (PUVA ou UVB NB) e evolução clínica.

As razões preponderantes na escolha do regime de fototerapia foram registradas em prontuário médico e baseadas na idade do paciente, fototipo cutâneo, gravidade da doença, comorbidades e uso de medicações sistêmicas. Os critérios utilizados nos serviços de fototerapia estudados foram: UVB NB como primeira escolha em indivíduos com menos de 20 anos de idade, nos portadores de psoríase gutata ou em finas placas e nos casos com gravidade leve para moderada. Fototerapia PUVA foi primeira opção nos casos extremos com placas grossas e pele tipo IV ou VI. PUVA foi contraindicada nos pacientes com comprometimento hepático ou em uso de drogas fotossensibilizantes; nesses casos a severidade ou fototipo cutâneo não foram considerados, e indicou-se UVB NB.

Todos os pacientes foram submetidos à fototerapia com duas sessões por semana utilizandose equipamento profissional (Prolumina Fototerapia, São Paulo, Brasil: cabine UVA com 48 lâmpadas Philips Sunlamp 100 W-R ou cabine UVB NB com 42 lâmpadas banda estreita Philips TL 100 W/01).



RESULTADOS

Sessenta e sete pacientes foram tratados durante o período do estudo: 37 homens (55,2%) e 30 mulheres (44,8%), com idades que variaram de 12 a 87 anos e média de 39 anos de idade. Seis deles (9%) foram classificados como pele tipo I de Fitzpatrick, 35 (52,2%) como tipo II, 15 (22,4%) como tipo III e 11 (16,4%) como tipo IV.

Apenas um paciente (1,5%) apresentava psoríase eritrodérmica, enquanto 16 (24%) tinham psoríase em gotas e 50 (74,5%) tinham psoríase vulgar com gravidades variáveis.

Dentre os 67 pacientes estudados, 51 (76%) foram tratados com UVB NB. As razões para indicação de UVB NB estão indicadas na tabela 1 e distribuíramse da seguinte forma: presença de psoríase em gotas (22%), presença de finas placas (15%), uso de drogas que interferem na fotossensibilidade (15%), idade menor que 20 anos (9%) fototipo I (9%) e presença de hepatopatia associada (6%). Os 16 (24%) restantes foram tratados com PUVA. A principal indicação desse tipo de terapia (Tabela 2) foi gravidade da doença (10 pacientes, 15%), seguida pela presença de pele tipo IV (6 pacientes, 9%). A figura 1 ilustra como se deu a prescrição da fototerapia nos pacientes avaliados.



DISCUSSÃO

Muitos estudos têm comparado a eficácia das terapias UVB NB e PUVA na psoríase moderada a grave.15-17 A heterogeneidade considerável entre esses estudos no que diz respeito à gravidade da doença, subtipos de psoríase, fototipo cutâneo, regimes de fototerapia e métodos utilizados na mensuração dos resultados tornaram difícil a condução de uma revisão sistemática consistente. Embora PUVA venha sendo reportada como mais efetiva que UVB NB no controle da psoríase,4,6,9 uma abordagem terapêutica padronizada para todos os casos de psoríase moderada a grave ainda não foi estabelecida.4,6

Como se sabe, a psoríase é uma doença de distribuição global que acomete ambos os sexos e ampla faixa etária.1,2 Na amostra estudada, de fato, ocorreu certa homogeneidade quanto à distribuição por sexo; ao mesmo tempo a idade dos pacientes tratados com fototerapia foi bastante ampla, partindo da segunda até a nona década de vida. Idade e sexo não são fatores limitantes na indicação de fototerapia.15

Em nossos serviços de fototerapia, UVB NB foi mais frequentemente indicada que PUVA (76% e 24% respectivamente) para tratamento de pacientes com psoríase. Foi observado que muitos pacientes com psoríase apresentavam outras comorbidades que contraindicaram o tratamento com PUVA. Pacientes com envolvimento hepático ou em uso de medicações, como as utilizadas no tratamento da hipertensão, diabetes ou ainda anti-inflamatórias, receberam indicação de UVB NB devido à maior segurança nesses casos,15,17 considerando que algumas drogas podem aumentar a sensibilidade individual aos raios UV. Esse foi o caso de 28% dos pacientes tratados em nossa amostra: em 19% prescreveu-se UVB NB devido ao uso de drogas fotossensibilizantes e em 9%, devido a doença hepática.

Para pacientes jovens, é indicada UVB NB por representar menor risco de induzir câncer de pele em longo prazo.6,18 No grupo estudado, 12% dos pacientes tiveram como primeira escolha UVB NB por apresentarem idade abaixo de 20 anos. Isso se torna importante quando se considera o risco de câncer como resultado da exposição cumulativa de radiação UV, associado à alta expectativa de vida desses pacientes.

Além desses aspectos, UVB NB é mais frequentemente indicada que PUVA devido à praticidade de sua aplicação.6 A possibilidade de usar essa fototerapia na ausência de prescrição prévia de psoralênicos torna mais fácil a aceitação do tratamento por parte do paciente, uma vez que esses medicamentos muitas vezes trazem náuseas e outros efeitos colaterais. O uso de outras medicações pode ser mantido durante o tratamento com UVB NB. Entre os pacientes avaliados, PUVA foi mais indicada para pacientes com placas espessas e pele tipo IV a VI (classificação de Fitzpatrick).

Embora o objetivo deste estudo não tenha sido avaliar efetividade terapêutica, mas sim compreender como se comporta a prescrição da fototerapia na psoríase, foi possível observar que ambas as terapias foram efetivas. A média do PASI inicial nos pacientes tratados com PUVA foi de 14,9; no grupo tratado com UVB NB, foi de 10,4. Dentre os pacientes tratados com PUVA, o índice PASI 75 foi obtido em 75% dos casos, e bons resultados foram também alcançados em 80,4% dos pacientes tratados com UVB NB. A diferença entre os grupos não foi estatisticamente significante (p <>
CONCLUSÃO
As prescrições de UVB NB excederam as de PUVA devido ao menor número de contraindicações e menor possibilidade de efeitos colaterais, e ainda por ser uma opção mais prática. Visto que tanto PUVA quanto UVB NB provaram ser efetivas no controle da psoríase, a opção por cada tratamento deve levar em conta a gravidade da doença, tipo de pele, uso de medicações e características do paciente. Uma avaliação clínica individualizada deve guiar a indicação entre um ou outro tipo de fototerapia.
REFERÊNCIAS
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10. Walters IB, Burack LH, Coven TR, Gilleaudeau P, Krueger JG. Suberythemogenic narrow-band UVB is markedly more effective than conventional UVB in treatment of psoriasis vulgaris. J Am Acad Dermatol. 1999;40(Pt 1):893-900 [ Links ]
11. Man I, Crombie IK, Dawe RS, Ibbotson SH, Ferguson J. The photocarcinogenic risk of narrowband UVB (TL-01) phototherapy: early follow-up data. Br J Dermatol. 2005; 152:755-7 [ Links ]
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15. Yones SS, Palmer RA, Garibaldinos TT, Hawk JL. Randomized double-blind trial of the treatment of chronic plaque psoriasis: efficacy of psoralen-UV-A therapy vs narrowband UV-B therapy. Arch Dermatol. 2006;142:836-42 [ Links ]
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17. Ibbotson SH, Bilsland D, Cox NH, Dawe RS, Diffey B, Edwards C, et al. An update and guidance on narrowband ultraviolet B phototherapy: a British Photodermatology Group Workshop Report. Br J Dermatol. 2004;151:283-97 [ Links ]
18. Pasker-de Jong PC, Wielink G, van der Valk PG, van der Wilt GJ. Treatment with UV-B for psoriasis and nonmelanoma skin cancer: a systematic review of the literature. Arch Dermatol. 1999;135:834-40 [ Links ]
Endereço para correspondência: Ida Duarte Rua Monte Alegre, 523/101 05014 000 São Paulo - SP Tel./fax: 11 38714018 E-mail: idaduarte@terra.com.br Recebido em 26.02.2009.
Aprovado pelo Conselho Consultivo e aceito para publicação em 04.03.09.
* Trabalho realizado no Departamento de Dermatologia, Santa Casa de São Paulo – São Paulo (SP), Brasil.
Conflito de interesse: Nenhum
Suporte financeiro: Nenhum
Como citar este artigo: Duarte I, Cunha JAJ, Bedrikow RB, Lazzarini R. Qual é o tipo de fototerapia mais comumente indicada no tratamento da psoríase? UVB banda estreita e PUVA: comportamento da prescrição. An Bras Dermatol. 2009;84(3):244-48.
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Aluno em atividade: Em duplas façam uma matéria jornalística sobre o artigo científico acima.

Artigo científico - Influências nutricionais na psoríase

Anais Brasileiros de Dermatologia
versão impressa ISSN 0365-0596
An. Bras. Dermatol. vol.84 no.1 Rio de Janeiro jan./fev. 2009
doi: 10.1590/S0365-05962009000100016
COMUNICAÇÃO



Influências nutricionais na psoríase*





Maria Lúcia Diniz Araujo-I;
Maria Goretti P. de A. Burgos-II;
Isis Suruagy Correia Moura-III

I-Mestranda em Nutrição pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Especialista em Nutrição Clínica pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) - Recife (PE), Brasil
II-Doutora em Nutrição. Especialista em Terapia Nutricional Enteral e Parenteral pela Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral (SBNPE). Especialista em Nutrição Clínica pela Associação Brasileira de Nutrição (Asbran). Nutricionista da Clínica de Dermatologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (HCUFPE). Nutricionista pesquisadora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) - Recife (PE), Brasil
III-Nutricionista residente da Clínica de Dermatologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (HCUFPE) - Recife (PE), Brasil



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RESUMO

A psoríase é uma doença inflamatória de pele, mediada por células T, hereditária, que sofre influência ambiental. Ingestão elevada de ômega-3, jejum, dietas hipocalóricas e vegetarianas mostram efeitos benéficos. Alguns pacientes que apresentam anticorpos antigliadina IgA/IgG, com sensibilidade ao glúten, melhoram após a retirada deste. O calcitriol é usado no tratamento tópico. Ingestão de álcool pode exacerbar a doença. Neste trabalho, analisam-se fatores dietéticos e descrevem-se seus benefícios na psoríase.

Palavras-chave: Ácidos graxos ômega-3; Antioxidantes; Bebidas alcoólicas; Dieta; Glúten; Psoríase


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INTRODUÇÃO

A psoríase é doença inflamatória crônica da pele, mediada por células T, caracterizada por lesões eritematoescamosas, aumento na proliferação celular e padrões anormais de diferenciação dos queratinócitos1,2. Apresenta prevalência mundial estimada em 2%1,3, variando entre 0,6% e 4,8%, sem predileção por sexo nem por faixa etária, sendo mais comum entre a terceira e a quarta décadas, no sexo feminino e em indivíduos com história familiar4,5.

As causas são desconhecidas, porém uma predisposição genética3, associada a fatores ambientais como fumo, álcool, alimentação, infecção, drogas e eventos estressantes, constitui uma explicação etiológica plausível3.

A prevalência e a gravidade da psoríase têm se mostrado diminuídas durante períodos de jejum. Dietas hipocalóricas levam à melhora dos sintomas2 e podem ser importantes fatores adjuvantes na prevenção e no tratamento do tipo não-pustular moderado4.

Apesar de vários mecanismos serem discutidos, a causa direta desses efeitos positivos nos sintomas da doença ainda é desconhecida2. A explicação mais importante é, provavelmente, a diminuição na ingestão do ácido araquidônico (AA), que resulta na menor produção de eicosanoides inflamatórios. Durante o jejum, ocorre redução na ativação das células TCD4 e elevação no número e/ou na função da interleucina 4 (citocina anti-inflamatória)1 e a restrição calórica leva à redução do estresse oxidativo1.

Dietas vegetarianas podem ser benéficas em todos os pacientes com psoríase, visto que há ingestão diminuída de AA e conseqüente redução na formação de eicosanoides inflamatórios. Concentrações elevadas de AA e de seus metabólitos pró-inflamatórios foram observadas em lesões psoriáticas, assim como em outras desordens autoimunes e inflamatórias. Uma opção terapêutica na psoríase é a substituição do AA por um ácido graxo (AG) alternativo, especialmente o eicosapentaenoico (EPA), que pode ser metabolizado pelas mesmas vias enzimáticas do AA2,5.

Quanto ao efeito da suplementação oral de ômega-3 nessa enfermidade, os resultados são conflitantes e não são claros em relação à dose a ser utilizada5. A maioria das pesquisas apresenta efeitos positivos; entretanto, resultados de testes randomizados e controlados são menos efetivos2. Apesar dos resultados ainda inconsistentes, pode-se recomendar ingestão de peixes ricos em ômega-3. Em pacientes com psoríase agudizada, infusões parenterais de ômega-3 podem ser benéficas2.

Estudos recentes evidenciaram uma associação entre a doença celíaca (DC) e a psoríase6; todavia, tal relação ainda é bastante controversa, uma vez que os dados são escassos6. Quanto à dieta isenta de glúten, sabe-se que poderá melhorar as lesões de pele, mesmo em pacientes sem DC, mas com anticorpos antigliadina IgA e IgG7. Dados da literatura ainda são escassos na explicação dos mecanismos envolvidos na associação entre DC, psoríase e dieta isenta de glúten nas lesões de pele. Várias hipóteses têm sido propostas, como alteração na permeabilidade intestinal, mecanismos imunes e deficiência de vitamina D6.

Estresse oxidativo e formação elevada de radicais livres têm sido relacionados à inflamação da pele na psoríase2. Estudos mostram que indivíduos com essa doença apresentam concentrações elevadas de malonilaldeído, um marcador da peroxidação lipídica, e estado antioxidante prejudicado, com níveis diminuídos de β-caroteno, α-tocoferol e selênio7.

O selênio apresenta propriedades imunomodulatórias e antiproliferativas. A literatura indica que pacientes com desordens inflamatórias de pele, melanoma maligno e linfoma cutâneo de células T apresentam baixas concentrações desse elemento8. Seu baixo nível pode ser fator de risco para o desenvolvimento da psoríase, sendo poucos os trabalhos publicados7. Níveis diminuídos de selênio relacionam-se com a gravidade da doença e podem ocorrer devido à baixa ingestão alimentar ou à excessiva descamação da pele8.

Dentre outros fatores que podem elevar o estresse oxidativo e reduzir os antioxidantes naturais, em indivíduos com história da doença há mais de três anos, relata-se a ingestão alcoólica elevada e o fumo ativo e/ou passivo8. Homens jovens e de meia-idade apresentam riscos com ingestão de álcool enquanto que, em mulheres, não é fator de risco, mas agrava o quadro clínico9. Pacientes psoriáticos devem evitar a ingestão de álcool, principalmente, nos períodos de exacerbação, quando ocorre elevado risco de cirrose hepática associado com metotrexato ou outros tratamentos hepatotóxicos2.

O calcitriol e seus análogos exercem efeitos antiproliferativos e pró-diferenciativos, o que justifica a sua importância na psoríase. Deve-se considerar suplementação oral da vitamina D em pacientes com psoríase que não fazem o tratamento tópico com a vitamina2,10.

Finalmente, pode-se dizer que a dieta é fator importante na patogênese da psoríase e que, apesar de os resultados da literatura com suplementação oral de óleo de peixe serem inconsistentes, os pacientes podem ser orientados a ingerir peixes ricos em ômega-3, por seus benefícios no quadro clínico. A pacientes hospitalizados com doença aguda sugerem-se infusões parenterais de ácido graxo poli-insaturado. Outros estudos devem ser realizados para esclarecer o papel da dieta isenta de glúten, o que pode diminuir a gravidade da doença em pacientes com anticorpos. A vitamina D tem sido uma opção terapêutica, devido a suas atividades imunorregulatórias e antiproliferativas.



REFERÊNCIAS

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10. Holick MF. Vitamin D: a millennium perspective. J Cell Biochem. 2003;88:296-307 [ Links ]


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Endereço para correspondência:
Maria Goretti P. de A. Burgos
Depto.Clínica Médica da Fac. Medicina da UFMG
Rua Baltazar Pereira, 70/601 - Boa Viagem
51011 550 - Recife - PE
Tel.: (81) 3325-3873
E-mail: gburgos@hotlink.com.br

Aprovado pelo Conselho Editorial e aceito para publicação em 22.12.08.



Conflito de interesse: Nenhum
Suporte financeiro: Nenhum
Como citar este artigo/How to cite this article: Araujo MLD, Burgos MGPA, Moura ISC. Influências nutricionais na psoríase. An Bras Dermatol. 2009;84(1):90-2.
* Trabalho realizado no Serviço de Nutrição do Hospital das Clinicas (UFPE) - Recife (PE), Brasil.
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Aluno em atividade: Em duplas façam uma nota jornalística sobre o artigo científico acima.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Confundindo pandemia com pandemônio


por Michel Arbache *

Passado o princípio de pânico ante a pandemia da chamada "gripe suína", o quadro que temos hoje é bem mais tranqüilizador do que o alarmismo advindo dos primeiros casos no México. Pelo que atestam os especialistas, o vírus A (H1N1) não chega a ser tão nefasto como sugeria a sua estranheza inicial. Hoje, sabemos que tanto pelos sintomas quanto pelos óbitos causados pelas complicações da doença (principalmente a pneumonia), a "gripe suína" não é mais grave ou menos grave do que aquela gripe "tradicional" causada pelo vírus conhecido genericamente como "influenza sazonal". Isto, excetuando diversos outros tipos de vírus cuja proliferação é mais intensa no inverno.

Segundo informação do Ministério da Saúde, ainda é cedo para especular sobre os efeitos futuros (mutação, agressividade etc.) do novo vírus, mas o fato é que hoje o vírus A (H1N1) entrou numa espécie de "competição" com a influenza sazonal. Isto significa que, neste inverno de 2009, somadas a gripe comum e a "gripe suína", não temos, em termos relativos, um número muito maior de pessoas gripadas em comparação com o inverno de 2008.

Da mesma forma, neste ano, o número de mortes causadas pelas complicações da gripe não é, na comparação com 2008, algo alarmante. Vale frisar: "mortes causadas pelas complicações da gripe" não é o mesmo que dizer "mortes causadas pelo vírus da gripe". O vírus da gripe, diferente do que alguns setores da imprensa insistem em sugerir, não mata. O que pode matar, isto sim, é a desinformação.

ENFOQUE DRAMÁTICO

O que temos lido e assistido na imprensa nos últimos dias em relação à nova gripe são enfoques estritamente sensacionalistas que em nada ajudam a preocupação do Ministério da Saúde de transmitir informação e tranquilidade à população. Em vez disso, ocupam o noticiário nacional com as "mortes causadas pela gripe suína (sic)", a correria aos hospitais, a fragilidade do sistema de saúde pública e a revolta da população.

Não seriam tais notícias os fatores fomentadores de toda essa intranqüilidade e caos? É o caso de se questionar: qual a real necessidade de um cidadão comum ser informado que "a gripe suína está matando"? Não seria mais sensato "bombardear" a população com dicas sobre a higiene pessoal e hábitos alimentares saudáveis?

Ao que parece, andam confundindo "pandemia" com "pandemônio", com a prevalência deste último. Chegou-se ao cúmulo de o noticiário televisivo mostrar um estádio de futebol com quase toda a torcida usando máscaras para "proteção contra a gripe", como se residisse sensatez em tal providência... Até onde chegará, por parte da mídia, a propaganda da desinformação e estupidez? Cadê o papel social da imprensa?

Nos países mais desenvolvidos em que o A (H1N1) se espalhou, o clima que ora impera é de tranquilidade. Nos Estados Unidos, por exemplo, um dos primeiros países em que a nova gripe chegou forte (quando então era inverno por lá), o noticiário foi muito mais informativo do que alarmista. Não houve, portanto, o enfoque dramático como este com que a imprensa brasileira tem tratado do caso. O resultado é que a população norte-americana, no geral, continuou levando uma vida normal a tal ponto que, hoje, não há qualquer notícia, qualquer vestígio traumático da passagem da "gripe suína" por lá.

* Professor, Juiz de Fora, MG; texto publicado no Observatório da Imprensa em 11/8/2009

Fonte: Revista Radis
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ALUNO EM ATIVIDADE: Com base no artigo acima, analise e reflita os motivos que levam a imprensa a se comportar com "alarde" na cobertura da gripe suína e por que seu "papel social fica perdido" em tal contexto. Poste o seu comentário.
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segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Entrevista: Marcelo Gleiser




Em seu último livro, O fim da Terra e do céu, Marcelo Gleiser comprova seu talento para aproximar a física de todos. A paixão pela ciência e o dom para contar histórias são seus trunfos para tornar compreensível qualquer teoria, pesquisa ou descoberta. Ele consegue até provar que as visões da ciência e da religião sobre o fim do mundo estão mais próximas do que se pensa.

Marcelo Gleiser é o professor de Física que todo mundo gostaria de ter. No lugar de frases pomposas como "considere uma partícula" ou "despreze a resistência do ar", ele conta episódios deliciosos da história da ciência e da vida dos cientistas. Em vez de passar a aula inteira expondo fórmulas no quadro-negro, apresenta os fundamentos da física no laboratório, com demonstrações e experiências. "A ciência é ensinada de uma maneira tão chata que é um milagre as pessoas desejarem ser cientistas", queixa-se.

A tática é infalível. A disciplina Física para Poetas, que ministra no Dartmouth College, é a mais popular da universidade. É disputada até por alunos cujos cursos nada têm a ver com as leis de Newton ou da Termodinâmica. Para explicar a proeza, usa um expediente comum às suas aulas: as metáforas. "Do mesmo modo que você vai ao teatro assistir a uma ópera sem saber ler uma partitura ou tocar um instrumento, não precisa saber matemática para apreciar a beleza das idéias científicas."
É esse o seu jeito de tornar fáceis as mais intricadas teorias da Astrofísica ou Física Quântica. "Eu explico como é um buraco negro usando analogias, metáforas do dia-a-dia, histórias de que as pessoas possam fazer parte". Durante sua vinda ao país para lançar seu último livro, O fim da Terra e do céu, ele conversou com o Educacional por mais de uma hora. O papo foi longo e, como suas aulas, cativante. Para ele, a ciência "explica a natureza e cria novos mundos que não percebemos com nossos sentidos".

A seguir, ele fala das visões científicas e religiosas sobre o Apocalipse, dos avanços e limitações da ciência, de divulgação e ficção científica e mostra como melhorar as aulas de Física. Ele conta que sua queda pela física vem desde os tempos da escola, quando chegou a ter um grupo de estudos com os colegas, mas precisou enfrentar a pressão da família que preferia vê-lo engenheiro químico.
Nos seus livros, em que momento ciência e religião se encontram?
O meu primeiro livro, Dança do Universo, que saiu em 97 no Brasil, tratava sobre a origem de tudo. Não só sobre o big bang, mas também como várias religiões trataram a questão da origem do mundo. Eu achei que podia continuar essa reflexão — de como a ciência e a religião são interdependentes —, tratando também do fim do mundo. Resolvi mostrar como a ciência usou idéias da religião e, de certa forma, deu uma explicação racional ao que antes era só profecia.
Em todos os relatos do fim dos tempos, do juízo final, ele vem anunciado pelo caos celeste. Você tem essa associação, por exemplo, no livro do Apocalipse, de João, em que se descreve o caos cósmico: as estrelas caem do céu, o Sol fica negro, etc. Percebi que os astrônomos que deram início à física moderna também falaram dessas coisas. Você lê os textos de Newton, Haley e Laplace e eles falam que é mesmo possível que um asteróide — no caso, era mais um cometa — se chocasse com a Terra e causasse o Apocalipse.
O que eu faço é explorar essa complementaridade da ciência e da religião, mostrando que ambas respondem às mesmas perguntas de maneira diferente.
O ponto de encontro são as perguntas...
Se você quiser ter um ponto de encontro, vai encontrá-lo nas perguntas, nas idéias sobre a origem do Universo. Ciência e religião são complementares, são modos diferentes de expressar nossas dúvidas. Os grandes anseios que antes eram perguntas só da religião, hoje são perguntas também da ciência.
Como o senhor vê o fato de as grandes dúvidas — sobre a origem e o fim do mundo — interessarem hoje à ciência? Para cientistas como Fritjof Capra, isso é sinal de que separar e classificar os conhecimentos é uma tendência em crise, que é preciso entender os fenômenos em sua totalidade, se aproximar da religião... Eu discordo de uma tendência infeliz que existe, em que se misturam ciência e esoterismo e se pensa que a física moderna está repetindo os ensinamentos dos grandes taoístas e zen-budistas do passado. Eu acho que não é por aí.
Então, o senhor acha que, para a ciência avançar na busca da resposta às grandes dúvidas, não é preciso que ela incorpore outros tipos de conhecimento, religiosos inclusive?
Isso é extremamente subjetivo, depende muito de cada um. Eu tendo a ver as coisas de maneira mais universal, mais multidisciplinar. Não é à toa que, quando escrevo livros, misturo tanta coisa: religião, ciência, filosofia, artes. Grandes pulos da ciência são dados justamente quando há uma junção de disciplinas, uma mistura mesmo. Cada vez mais, isso se torna verdade. Por exemplo: existem ciências emergentes, como a exobiologia — a biologia da vida extraterrestre —, em que se misturam biologia, astronomia, geologia, geofísica e química. Você está pulando barreiras. Então, pode pensar nas implicações éticas e religiosas de descobrir vida fora da Terra.
Acho que as grandes questões sempre são multidisciplinares por definição. Elas nunca vão ter uma resposta específica. Vão ter várias respostas que se complementam. Questões como a origem e o fim do mundo, envolvem tantas variáveis que são multidisciplinares e têm de ser respondidas de maneira geral.
É por isso que nem todo avanço científico e tecnológico tem sido capaz de diminuir o número de pessoas que se voltam para o esoterismo?
Eu acho que isso não é uma coisa tão nova. Mas talvez só agora a gente perceba melhor essa atração pelo sobrenatural, pelo esotérico. Eu acho que isso aí é um grande barômetro social. A maioria não tem acesso aos processos de tomada de decisão, só sofre as conseqüências... Quanto pior está a situação social, econômica, espiritual e quanto maiores forem os anseios, mais você tende a se apegar ao esoterismo.
O sucesso dos livros de auto-ajuda também é reflexo disso?
Por que eles são chamados de livros de auto-ajuda? Você fala com um astrólogo e ele diz que você tem uma participação individual na conjunção dos astros, do cosmos. É uma coisa que faz você se sentir importante. Outro exemplo é essa euforia em torno de fadas, duendes, gnomos e anjos ou ainda essa explosão do evangelismo no Brasil. Em 20 anos, mais de 20% da população virou evangélica... O que está acontecendo é que as pessoas estão precisando de novas respostas e, como a ciência não é tão popular quanto deveria ser — essa é uma de minhas cruzadas —, estão se apegando às coisas mais óbvias e acessíveis, que são a auto-ajuda e o esoterismo.
Mas isso não quer dizer que a ciência tenha essas novas respostas a que o senhor se refere, uma explicação científica para tudo... Ou o senhor acha que ela tem?
É claro que não, sem a menor dúvida. A ciência é incompleta, é criação nossa e nós somos seres incompletos. Se bem que alguns acham que não são (risos). Eu acho que somos. Fica claro quando você estuda a história da ciência que, cada vez que você descobre respostas para certas perguntas, muitas outras surgem. Não existe um fim, existe uma busca e, para mim, o fundamental é você participar dela e não tentar se focar somente na resposta, no objetivo final. O que nos transforma e nos torna pessoas melhores é participar dessa busca.
Nessa busca, uma pergunta é inevitável: para onde vamos? E essa pergunta remete ao tema do livro: a morte, o fim do mundo. O senhor acha que a ciência mudou a maneira com que o homem encara a morte? 
Imagine você no século catorze, no meio da epidemia de peste, quando as pessoas morriam na rua. Aliás, a morte na rua já foi uma maneira muito clara de você aterrorizar a população. Você pendurava os mortos na rua, como o que aconteceu com Tiradentes. Hoje, você ver uma pessoa ser atropelada é um choque, uma coisa horrenda. Acho que os avanços da ciência tornaram a morte uma coisa mais distante, mas certamente não menos assustadora ou aterrorizante. Ninguém aceita a idéia da morte de maneira pacífica. Todo mundo se questiona sobre a origem de tudo e sobre o fim. Por quê? Porque nós somos uma espécie que tem a bênção e a maldição de perceber a passagem do tempo e ser consciente da própria morte. Eu falo que isso é uma maldição porque causa muita dor, muito sofrimento, mas, por outro lado, acho que dá vazão a muito da criatividade humana. Eu acho que muito da poesia, da pintura, das artes foi criado justamente por causa desse anseio nosso de preservar, de alguma forma, a nossa permanência aqui no nosso planeta.
O senhor mencionou rapidamente seu trabalho de divulgação científica. Como professores podem tornar a ciência mais popular?
Eu sempre digo que, infelizmente, a ciência é ensinada de uma maneira tão chata que é um milagre as pessoas desejarem ser cientistas. Por quê? Porque a ciência é ensinada como um formulário. Quando você fala de movimento retilíneo uniforme, parece até missa: "eme, erre, u". Essas coisas são totalmente desligadas da história da ciência, que é extremamente interessante, cheia de aventuras e desventuras. Você não sabe quem é Newton ou Galileu. Você não aprende quem são essas pessoas, só as fórmulas que elas inventaram. Falta inserir a ciência no contexto da história das idéias, mostrar que ela é parte da cultura da humanidade, do processo cultural em que é criada, não só um conjunto de fórmulas. E faltam demonstrações em sala de aula. Infelizmente, na escola, a ciência é ensinada no quadro-negro. E ciência é "ver para crer", sabe? Você não pode falar sobre a queda dos objetos, o crescimento das células ou sobre reações químicas sem mostrar as coisas acontecendo.
Por exemplo: nos Estados Unidos e na Europa, é fundamental que se use o laboratório nas aulas de ciências. Ao fazerem experimentos, as crianças aprendem e, mais ainda, se maravilham com aquilo, porque participar do processo de descoberta é muito mais interessante que ver fórmulas no quadro-negro.
É essa a idéia do curso Física para Poetas que o senhor criou, resgatar a história da ciência e levar demonstrações e simulações para a sala de aula?
Esse é um curso que eu acho que toda universidade no Brasil deveria ter. Ele consiste basicamente em dar um curso de física e astronomia para pessoas que não vão ser cientistas. A pessoa vai fazer Letras, Cinema, Medicina e vai fazer esse curso também! Por quê? Porque o curso mostra como a ciência funciona, como ela foi criada, dentro do contexto histórico. Hoje, é o curso mais popular da universidade. Acabei de dá-lo no semestre passado e a turma tinha 182 alunos, que é muita coisa para qualquer universidade. Eu fazia as demonstrações no ato. Por exemplo: aquela afirmação do Galileu de que todos os corpos caem com a mesma aceleração, independente da massa. Você joga um elefante e uma pena da mesma altura, e os dois vão cair no chão ao mesmo tempo. É uma coisa totalmente contra-intuitiva: a pena vai caindo em curvas e o elefante cai direto. Como é possível? Você tem que tirar o ar, a resistência do ar. Temos um tubo de vidro com uma moeda e uma pena. Esse vidro é acoplado a uma bomba de vácuo que suga o ar de dentro. Você faz isso, e a pena e a moeda caem exatamente ao mesmo tempo.
Se eu falar "despreze a resistência do ar que um elefante e uma pena caem ao mesmo tempo", ninguém vai acreditar. Você pode aplicar a fórmula, mas só se vir aquilo acontecendo é que vai dizer: "É verdade mesmo". Tem um filmezinho dessa experiência que os cosmonautas fizeram na Lua, com um martelo caindo.
Você percebe duas coisas fundamentais: primeiro, o fenômeno em si acontecendo e, segundo, que a ciência explica a natureza e cria novos mundos que não percebemos com nossos sentidos. É tudo muito pequeno — coisas microscópicas ou menores ainda, partículas elementares — ou muito grande, como astros e estrelas. São mundos completamente invisíveis para nós, mas que são revelados pela ciência.
E a questão da linguagem com que a ciência é ensinada. Isso também precisa mudar?
Depende. Se você está ensinando ciência na escola, tem que usar a linguagem dela, que é a matemática. Mas você pode fazer isso de uma forma mais humana, mais multidisciplinar do que é feito normalmente. Não se deve apenas jogar uma fórmula no quadro-negro, mas mostrar o que ela significou quando foi criada no século XVII ou XVIII ou outro qualquer.
Talvez os professores que passam fórmulas no quadro-negro achem que física é apenas matemática...
Isso é uma coisa extremamente complexa. Você tem os matemáticos puros, que não têm o menor interesse em descrever fenômenos do mundo real. Eles se fazem perguntas do tipo: qual é o maior número primo? Ou estudam geometrias em dimensões maiores que três ou quatro... Mas, por incrível que pareça, aí é que está o paradoxo: essas matemáticas mais esdrúxulas e que, aparentemente, não têm nada a ver com a realidade, acabam, muitas vezes, encontrando aplicações na física. Alguns cientistas do século XIX, Riemann, Lobatchevski e Gauss, que estudaram essas geometrias, não tinham a menor idéia de que elas iam ser o pão de cada dia da física de supercordas. Essas coisas não são muito previsíveis.
Eu não sou esse tipo de matemático abstrato. Sou muito mais intuitivo que dedutivo. Para mim, a matemática sempre veio depois da física. Primeiro, vejo e depois escrevo as equações.
Isso me faz lembrar um comentário seu sobre a relação entre física e matemática. O senhor dizia que a física descreve os fenômenos da realidade por meio de um instrumento — a matemática — que é fruto da imaginação, da criatividade do homem...
Existe um debate sobre isso: será que a matemática é uma linguagem universal ou humana? Quer dizer, se você tiver outros seres inteligentes no Universo, será que eles vão descobrir os mesmos teoremas? Ou será que a matemática é uma coisa humana, que saiu da nossa cabeça?
E como o senhor se posiciona nesse debate?
Eu acho que a matemática é uma coisa humana, e não universal. É uma criação do nosso cérebro, do nosso córtex, e tem a ver com a maneira como nós evoluímos aqui na Terra. Em contrapartida, acho que as leis da física são universais.
O senhor poderia dar um exemplo?
A física é baseada em leis de conservação, de movimento, leis universais. Eu acho que, se houver uma inteligência extraterrestre tecnologicamente desenvolvida, ela vai desenvolver seus próprios conceitos, sua própria matemática, para dizer que a energia é conservada em certos sistemas e encontrar outras expressões para essas leis universais. A matemática vai ser outra, a simbologia vai ser outra. Eles não vão falar em elétron. Elétron foi uma coisa que nós inventamos. Um sujeito lá de Alfa Centauro não vai falar de elétron, mas de outras coisas que vão representar exatamente o que nós chamamos de elétron. Aliás, esse é um tema que eu discuto no livro: a representação da realidade através da matemática.
Queria fazer uma pergunta dupla: o senhor comentou sobre o caráter universal da física, mas até que ponto ela é democrática no sentido de estar acessível a todos? Pode um estudante, uma criança, compreender a tecnologia de ponta? E, por outro lado, até que ponto a tecnologia é uma barreira que impede o desenvolvimento dos países pobres? É possível que surja um novo Galileu que, pela observação e com poucos recursos, revolucione a ciência?
Infelizmente, não existem tantos cientistas fazendo um trabalho de divulgação da ciência, mas acho que está melhorando. Os jornais e a própria televisão estão criando muito mais espaço para a ciência. Eu sempre falo que, do mesmo modo que você vai a um teatro assistir a uma ópera ou uma sinfonia sem saber ler uma partitura ou tocar um instrumento e consegue gostar, acho que você consegue se divertir com a ciência sem ser um cientista. Não precisa saber matemática para apreciar a beleza e a importância das idéias científicas. É esse o trabalho da divulgação científica, que até pouco tempo usava o termo "vulgarização", que é um horror, pois demonstra logo um preconceito. Você não está vulgarizando a ciência! Está divulgando, levando a ciência para as pessoas de uma forma cada vez mais acessível. E dá para fazer isso com todas as idades.
E a segunda parte da pergunta?
Sem dúvida, um dos grandes problemas da ciência em países emergentes como o Brasil é que, em vez de criarem tecnologia, eles importam. Nós exportamos produtos agropecuários e importamos tecnologia. Seria fundamental que nós começássemos a reverter essa situação e a criar mais autonomia tecnológica. Porque aqui não faltam físicos, químicos, matemáticos de excelente nível e conhecidos em todo o mundo. Faltam recursos e os instrumentos, que custam caro. Falta a iniciativa privada começar a financiar mais pesquisa básica, como nos Estados Unidos, de forma que um aluno que se forme em física ou química não tenha de ficar na universidade, mas possa trabalhar em indústrias fazendo pesquisa. Faltam essas coisas, mas eu espero que, com o exemplo da Embraer, dos aviões que estão sendo exportados... Esse é um exemplo perfeito. Os Estados Unidos mandam os últimos F-16, mas sem os últimos radares, sem os últimos mísseis, para manter o controle da hegemonia tecnológica e isso é um crime. Seria ótimo fazer isso aqui também, até trazer a tecnologia para aprendermos como se faz e vendê-la para outros países.
No caso do projeto Genoma Humano, existe uma oposição à hegemonia tecnológica de certos países. Há defensores do financiamento público para que as descobertas pertençam a toda a humanidade. O senhor acha que isso pode acontecer em outras áreas da ciência?
Vai ser muito difícil porque as empresas financiam as pesquisas com o lucro em mente. E divulgar esses dados seria como entregar o ouro ao bandido. Eu acho pouco provável que empresas privadas tenham interesse em financiar pesquisas para depois ter que revelar os dados para a concorrência. Mas acho que pode existir um acordo, ou uma legislação mesmo, para que haja uma revelação porcentual dos resultados das pesquisas. O que eu acho que deve haver é uma competição entre o setor público e o privado, que é exatamente o que está acontecendo com o projeto Genoma. Aliás, esse projeto mostra a eficiência do setor privado que, com muito menos gente e muito menos dinheiro, conseguiu os resultados ao mesmo tempo que o setor público.
Voltando ao livro, qual a diferença entre ele e um livro tradicional de física?
Ele é um livro de divulgação científica. Os meus livros não são livros-texto de ciência, não servem para formar cientistas, mas para informar as pessoas sobre ciência. É uma diferença muito grande.
Então, ele é um livro que traz mais respostas que perguntas?
Certamente, o livro traz várias respostas. Quem quiser saber o que é um buraco negro, o que está acontecendo na cosmologia moderna, se existe ou não a possibilidade de um asteróide se chocar com a terra, vai encontrar essas respostas no livro. Mas eu espero que ele também provoque uma reflexão sobre esses temas que vá além daquilo que está no livro e ajude as pessoas a fazer novas perguntas. Ele é uma espécie de semente: você planta a semente na cabeça das pessoas e, aos poucos, o questionamento vai regando-a para que ela continue a crescer.
O aluno que mantém o interesse pela ciência não vai sentir dificuldade para compreender as novas descobertas e a tecnologia de ponta que se lê nos jornais? Como explicá-las aos estudantes?
Sem o menor problema, da mesma maneira que eu explico como brilha uma estrela, como é um buraco negro. Você explica isso usando analogias, metáforas do dia-a-dia, histórias em que as pessoas possam entrar e fazer parte delas. Então, por exemplo, no meu último livro, O fim da Terra e do Céu, falo um pouco sobre a física dos buracos negros e, depois, exemplifico as coisas mais exóticas da ciência a esse respeito.
O que eu faço? Escrevi um conto de ficção científica em que um sujeito, no futuro, viaja por um buraco negro, atravessa-o e sai do outro lado, em um buraco branco, coisa que hoje em dia é hipotética, mas possível. Eu conto uma história e ela está cheia de informação científica.
Assim, todo mundo lê e, pelo retorno que recebo das pessoas, essa é a parte preferida do livro. Quando você está contando uma história para explicar ciência, está usando recursos ficcionais para trazer a ciência para as pessoas.
O senhor narra uma viagem a um buraco negro. O senhor já leu Contato, do Carl Sagan?
Eu nunca li o livro, mas o Carl Sagan usa a idéia do buraco para transportar a heroína até as inteligências [intergalácticas]... No meu livro, há uma viagem através do buraco negro a la Jorge Luis Borges, que é uma grande influência minha.
Quais são os autores de ficção científica de que o senhor mais gosta?
Você sabe quem foi o primeiro escritor de ficção científica de que temos registro?
Julio Verne...
Muito antes! Foi o Kepler, que viveu em cerca de 1600. Ele escreveu um livro chamado Somnio, sobre um indivíduo que viaja à Lua em sonho. Essa idéia de sonhar, de ver as coisas de uma forma ficcional, é importantíssima e realmente ajuda no desenvolvimento da ciência. Quem inventou os satélites artificiais foi Arthur C. Clarke, que escreveu 2001 [2001, uma odisséia no espaço]. Já que precisamos de antenas para mandar sinais, por que não pomos antenas no espaço, onde a cobertura é muito maior? E Clarke não era cientista. Ele até tinha formação técnica, mas não era cientista. Agora, para ser sincero, nunca gostei muito de ficção científica porque, para mim, os autores principais — Arthur C. Clarke, Isaac Asimov, Ray Bradbury, um pouco menos — fazem uma literatura muito mais sobre idéias futurísticas do que sobre pessoas, sobre grandes dilemas humanos, vamos dizer assim. E, para mim, a literatura é uma espécie de arena onde podemos ensaiar todos esses conflitos humanos, mais do que as idéias sobre o futuro. Na ficção científica, há muita descrição do futuro e personagens pouco desenvolvidos. A literatura que me influenciou está mais relacionada à fantasia do que à ficção científica. Eu sempre adorei o Edgar Allan Poe, por exemplo.
Então, o senhor concorda com a famosa frase do Einstein: a imaginação é mais importante que o conhecimento?
Eu concordo, sem a menor dúvida. Todo mundo precisa ter ferramentas. Você não pode ser pintor se não souber misturar cores ou não conhecer as técnicas mais apuradas. Mas, sem imaginação, o seu quadro, por mais técnico que seja, nunca vai ser especial. Acho que, primeiro, vem a imaginação e, depois, a técnica.
E o senhor não tem vontade de escrever um livro de ficção científica?
Estou pensando seriamente no assunto. Mas, por enquanto, é segredo.
Além da história da ciência e da ficção científica, cuja importância o senhor já comentou, no seu livro há muita pesquisa sobre história das religiões, mitos, civilizações antigas. Esses assuntos o interessam há muito tempo?
Eu sempre me interessei por isso. Antes de ser cientista, eu era um garoto meio místico. Quando tinha uns doze anos, estudei o taoísmo, o zen e uma porção de outras coisas menos conhecidas. Quando tinha 14 anos, percebi que as grandes questões filosóficas — a origem de tudo, qual é a nossa relação com o mundo, o que significa a mente, o consciente — também são abordadas pela ciência. Se você pergunta sobre a origem do mundo para um muçulmano, um hindu ou um índio maori, da Nova Zelândia, cada um vai contar uma história diferente e acreditar piamente nisso porque são coisas reveladas pela fé. Eu percebi que a ciência tratava dessas questões de forma universal. Essa foi a minha revelação: descobrir que a ciência é uma linguagem universal e indiferente a religiões, classes sociais, países. Não interessa de onde você veio e qual é a sua religião... Quando você descreve como funciona uma estrela, uma pessoa que é de outro país, de outra religião, vai entender. É uma coisa profundamente democrática e bela da ciência.
Como o senhor era nos seus tempos de escola?
Eu era bem CDF, mas era normal também (risos). Tocava violão, jogava vôlei, fui até campeão brasileiro de vôlei, quando eu estava no segundo ano do colegial. Aliás, o Bernardinho era meu levantador na seleção carioca. O Bebeto de Freitas era o técnico. Por outro lado, eu estudava muito e, desde o primeiro científico, lá pelos 15 anos, já tinha um grupo de estudos de física. Falávamos de movimento retilíneo uniforme, essas coisas todas, mas o nosso negócio era, toda semana, ler e discutir os artigos da Scientific American e livros de divulgação científica um pouco mais técnicos. Lemos juntos um livro do próprio Einstein chamado Princípios da relatividade.
E havia a orientação de alguém?
Não, fazíamos tudo sozinhos mesmo. Não tínhamos um guru. Mas, em geral, eu imagino que os professores do Ensino Médio possam ajudar grupos de estudo indicando leituras. Quisera eu que, na minha época de aluno, houvesse os livros de divulgação científica que existem hoje! Para mim, foi uma certa batalha tomar a decisão sobre que caminho seguir. Eu acabei fazendo Engenharia Química por dois anos e só depois me transferi para o curso de Física. Se eu tivesse lido esses livros quando era criança, aos 15 anos não teria a menor dúvida de que era isso mesmo que queria fazer.
Além da falta de livros, o senhor teve de enfrentar a pressão da família quando optou por seguir carreira numa área de ciência pura?
Não quero causar uma revolução nas famílias, mas acho que ciência no Brasil não é nenhum bicho-papão. Se você for bom, tiver aptidão e realmente for uma pessoa séria, ou seja, alguém que quer realmente estudar, que tem paciência para fazer uma lista de exercícios ou se reúna com os amigos como eu fiz, não vejo por que não pode ter uma carreira de cientista no Brasil. Existem várias pessoas nas universidades para provar que essa é uma carreira possível, o que não significa que seja fácil. As pessoas têm uma certa ilusão de que nos Estados Unidos tudo é a maior maravilha. Só para dar um exemplo, na minha época, havia 357 candidatos para uma vaga na universidade! O mercado lá também é difícil. O que existe lá e que, infelizmente, ainda não existe aqui — mas acho que isso vai mudar — é a absorção de cientistas pelo mercado de trabalho, e não somente pelas universidades e escolas. Muitas empresas, consultorias, financiadoras e empresas do mercado financeiro estão contratando físicos e matemáticos. Eu tenho vários amigos em Wall Street hoje em dia. Por quê? Porque eles fazem modelagem de sistemas.
Se você tem aptidão e é dedicado — porque física não é ficar olhando estrela, há uma certa ilusão poética com a ciência, porque é preciso trabalhar muito para ser cientista —, meu conselho é que você vá em frente e faça o que gosta.
Com meu pai mesmo, tive um certo atrito quando saí do curso de Engenharia para o de Física. Ele não gostou dessa idéia nem um pouco. Eu falei que ia sair da Universidade Federal do Rio de Janeiro para fazer o curso de Física da PUC-RJ, que era o melhor na época. Ele respondeu que não ia pagar, eu que me virasse. Eu fui e me virei. Pena que ele não esteja aqui para ver o que aconteceu com o filho rebelde (risos).

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Vitor Casimiro
Exclusivo para o Educacional
Colaborou Bohdan Metchko Junior, do Educacional
outubro, 2001

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Estudo relaciona anemia à deficiência de vitamina A

nutrição



Suplementação apenas de ferro para tratar
a doença pode levar a quadro de toxicidade


Maiesse Gramacho
Da Secretaria de Comunicação da UnB

Quem sofre de anemia deve tomar suplemento de ferro, certo? Nem sempre. Uma pesquisa realizada na Universidade de Brasília mostra que, muitas vezes, a doença pode estar associada à deficiência de vitamina A no organismo – e não à do mineral. "A carência de ferro e de vitamina A são as maiores carências nutricionais no mundo, hoje. E elas coexistem", diz a autora do estudo, a mestre em Nutrição Fernanda Ribeiro Rosa.

De acordo com Fernanda, desde os anos 1980, pesquisas vêm demonstrando que, quando há deficiência de vitamina A, a concentração de ferro nos tecidos fica alterada. "Mas essa interação não está clara ainda, daí o nosso estudo", explica a autora da dissertação de mestrado Deficiência de vitamina A altera o status de ferro e de estresse oxidativo em ratos, defendida neste mês.



Segundo ela, a ausência da vitamina interfere no metabolismo do ferro, fazendo com que ele fique acumulado em alguns tecidos e prejudique o processo de produção de hemoglobinas – os glóbulos vermelhos do sangue. "Ou seja, tudo indica que o ferro fica retido nos tecidos e reduzido na corrente sanguínea".

O trabalho foi feito com cobaias animais, observadas durante 45 dias. Os ratos foram separados em dois grupos. Em um, a dieta era a padrão de vitamina A; no outro, totalmente isenta da vitamina. Depois do período de observação, os animais foram sacrificados. A pesquisadora avaliou, então, baço, intestino e fígado das cobaias, e constatou alteração nas concentrações de ferro e danos oxidativos nos órgãos dos animais deficientes em vitamina A.

OXIDAÇÃO - "Considerando que a vitamina A é antioxidante, a carência dela pode levar ao que chamamos de estresse oxidativo, já que o ferro é oxidante. O estresse oxidativo é o aumento de radicais livres, substâncias responsáveis pelo envelhecimento precoce e doenças crônicas não degenerativas, como hipertensão, diabetes e câncer", explica a professora do Departamento de Biologia Celular Sandra Arruda, que orientou a pesquisa.

Apesar de ter sido realizado com animais, o estudo permitiu à aluna chegar à conclusão de que, quando a anemia ferropriva é diagnosticada, é preciso investigar se o indivíduo também apresenta deficiência de vitamina A ou outro problema metabólico. "Se o paciente for tratado apenas com suplementação de sulfato ferroso, o problema pode até se agravar, pois isso levará a um quadro de toxicidade, aumentando a concentração de ferro nos tecidos e o risco de doenças crônicas", aponta.

De acordo com Fernanda Ribeiro Rosa, um próximo passo na investigação seria o acompanhamento dos ratos por um período mais longo que 45 dias. "Assim, poderíamos verificar os efeitos cumulativos no organismo desses animais", diz.

Mais informações com Fernanda Ribeiro Rosa pelo e-mail fernandarr.nut@gmail.com.
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ALUNO EM ATIVIDADE: A partir da leitura da matéria acima faça uma nota (resumo) com as principais informações, explicando como a "suplementação apenas de ferro para tratar a doença pode levar a quadro de toxicidade". Importante que a nota contenha informações precisas/científicas. Após a elaboração do texto, postem no comentário desta mensagem.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Por que o sol vai morrer?

(Ilustração: Mariana Massarani)

O Sol é uma estrela e podemos dizer que o destino de uma estrela está mais ou menos traçado no seu nascimento. Toda estrela nasce dentro de uma imensa nuvem feita de gás e minúsculos grãos que chamamos de poeira. A força da gravidade pode fazer com que pedacinhos da nuvem se atraiam e, após alguns milhões de anos, sejam compactados formando um novo objeto celeste.

Quando há muito a ser compactado, a força de atração desse material começa a espremer suas regiões centrais, aumentando a concentração e a temperatura, até que tem início a transformação de átomos de hidrogênio em hélio, o momento de nascimento da estrela. Essa transformação, chamada fusão do hidrogênio, vem ocorrendo no Sol há quase cinco bilhões de anos. O brilho que vemos resulta da energia liberada pela fusão. Mas é interessante notar que essa energia produzida pela fusão, no centro, leva alguns milhões de anos para chegar à superfície, para, depois, se propagar até a Terra.

E quando não há mais hidrogênio no centro? Bem, o futuro depende da massa, ou seja, da quantidade de matéria da estrela. Quanto mais massa, mais seu centro pode ser espremido, aumentando a temperatura. Então, talvez seja possível ocorrer a fusão do hélio que sobrou, no centro, da etapa anterior. Depois, pode haver a fusão do carbono, do oxigênio e, ainda, de outros elementos químicos cada vez mais pesados. A duração de cada uma dessas etapas vai diminuindo, sendo que a fusão inicial do hidrogênio dura quase toda a vida de uma estrela. Além disso, a mudança de uma etapa para a próxima pode ser um acontecimento complicado.

Apenas as estrelas maiores e mais pesadas passam por muitas etapas de fusão. Mas fazem isso muito rapidamente, por isso duram pouco do ponto de vista astronômico: apenas alguns milhões de anos. Quanto às estrelas menores e mais leves, podemos até dizer que vivem para sempre, mas não passam da etapa de fusão do hidrogênio. Num futuro distante, vão acabar se resfriando.

O Sol ainda tem mais uns seis bilhões de anos de vida. Chegará à etapa de fusão do hélio antes de virar um dos objetos mais bonitos do céu: uma nebulosa planetária, jogando para fora a maior parte de sua massa. Porém, talvez dentro de um bilhão de anos, a vida na Terra não resista à mudança de brilho devido ao desequilíbrio causado pela diminuição do hidrogênio no centro do Sol. Será o fim?

Quem sabe? Considerando que em menos do que dez mil anos o ser humano passou da invenção da escrita para a construção de telescópios espaciais, é de se esperar que, com sua sabedoria, seja capaz de descobrir e viajar para outros mundos e preservar nossa civilização.


Lilia Irmeli Arany Prado
Observatório do Valongo
Universidade Federal do Rio de Janeiro
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sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Atividade - Divulgação científica e jornalismo científico

Olá, turma!


Vamos pesquisar o que é jornalismo científico e o que é divulgação científica para, em seguida, elaborar um texto explicando se há diferenças/semelhanças entre ambos.
Certo? Até a próxima aula! abraços, professora Solange.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Decifrada ação amnésica da maconha

Droga ativa síntese de proteínas em região do
cérebro responsável pela formação da memória


por Thaís Fernandes

Cientistas desvendaram os mecanismos moleculares

por trás dos efeitos nocivos da maconha sobre a memória (foto: Flickr).




Uma equipe liderada por cientistas espanhóis acaba de decifrar como a maconha é capaz de afetar a memória de seus usuários. Um estudo feito com camundongos mostra que a droga ativa um mecanismo relacionado à síntese de proteínas em uma região específica do cérebro responsável pela formação e consolidação de memórias. A descoberta pode levar ao desenvolvimento de terapias para prevenir esse efeito nocivo no uso medicinal da maconha.

O déficit de memória é uma das principais consequências associadas ao uso da maconha (Cannabis sativa). Estudos anteriores mostravam que os compostos canabinoides ativam receptores específicos (CB1R) em uma região do cérebro chamada hipocampo. Esses receptores afetam o poder de conexão dos neurônios e prejudicam a resposta cognitiva dessa área cerebral. Mas até hoje não se conhecia o mecanismo preciso que gera o efeito amnésico da maconha.

A nova pesquisa, publicada na revista Nature Neuroscience desta semana, investigou a ação do THC, principal composto químico psicoativo da maconha, no cérebro de camundongos. Os cientistas descobriram que a ativação dos receptores canabinoides por essa substância é capaz de disparar um processo de sinalização intracelular (chamado mTOR) que modula a síntese de proteínas no hipocampo. Segundo eles, a administração de 3 a 10 mg de THC por quilo de massa corporal foi capaz de afetar o mecanismo mTOR no hipocampo dos camundongos.

Para avaliar a relação entre o aumento na síntese de proteínas provocado pelo THC e a ocorrência de lapsos de memória em função do consumo dessa substância, os camundongos receberam um inibidor de síntese de proteínas chamado anisomicina. Nos testes, esse composto bloqueou os déficits à memória induzidos pelo THC.

Prevenção da perda de memória


A equipe, liderada por Andrés Ozaita, professor da Universidade Pompeu Fabra, em Barcelona (Espanha), descobriu ainda que a rapamicina, droga imunossupressora usada prevenir a rejeição de órgãos transplantados, também é capaz de impedir a perda de memória causada pelo THC em camundongos.

Animais tratados com a substância não apresentaram efeitos amnésicos em duas tarefas que dependem do hipocampo: o reconhecimento de objetos e de contextos. Segundo os pesquisadores, isso ocorreu porque a rapamicina bloqueia as mudanças promovidas pelo THC na sinalização associada ao mecanismo mTOR.

“O esclarecimento dos mecanismos envolvidos nos efeitos amnésicos dos canabinoides permite um melhor entendimento de uma séria desvantagem do consumo de maconha”, avaliam os pesquisadores no artigo. Eles ressaltam que os prejuízos cognitivos são importantes efeitos colaterais associados ao uso terapêutico de canabinoides.

E completam: “Nossos resultados identificam o alvo específico que se encontra na base desses efeitos e poderiam, portanto, ser úteis para facilitar o desenvolvimento de novas estratégias terapêuticas que levem à prevenção desses efeitos nocivos dos compostos canabinoides.”


Fonte: Ciência Hoje On-line
03/08/2009

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ALUNO EM ATIVIDADE: A partir da leitura da matéria acima faça uma nota (resumo) com as principais informações, explicando como foi decifrada ação amnésica da maconha. Importante que a nota contenha informações precisas/científicas. Após a elaboração do texto, postem no comentário desta mensagem.

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quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Os laboratórios e os médicos

Correio Popular (SP)
03/06/2009

Opinião



por PETTERSON PRADO



“É promíscua a relação entre médicos e a indústria farmacêutica. Muitos se transformaram em garotos-propagandas de luxo dos laboratórios”. Com essas palavras o dr. Roberto Luiz D’Avila, então diretor-corregedor e hoje vice-presidente do CFM (Conselho Federal de Medicina), define essa relação que vem crescendo nos últimos anos. A relação a que se refere o dr. D´Avila é a prática de a indústria farmacêutica influenciar os médicos através da doação de brindes, viagens nacionais e internacionais, jantares, congressos, reforma de consultórios e até mesadas em dinheiro. Uma prática que tem interferido na qualidade do medicamento que é prescrito e aumentado o preço em pelo menos 20%.



A indústria farmacêutica é uma potência, um setor de bilhões, que investe pouco em pesquisa e desenvolvimento, mas muito em publicidade e propaganda, uma média 30% do seu faturamento. A propaganda é feita de duas formas: a primeira é feita diretamente com a população, o que é um absurdo, pois com exceção dos EUA onde os laboratórios dominam, em todos os outros países desenvolvidos é proibido qualquer propaganda direta para o consumidor, não incentivando assim, a automedicação. No Brasil os laboratórios deitam e rolam, com muita propaganda, conseguiram embutir em nós uma cultura medicamentosa da saúde.



A segunda é feita diretamente com os médicos e essa também interessa muito, já que existem muitas “marcas” de diferentes laboratórios para a mesma patologia e os remédios mais caros precisam de prescrição. Com isso, a concorrência é feroz e se faz de tudo para agradar aos médicos que são a ponte para se chegar nesse mercado consumidor.



Os laboratórios compram e influenciam pesquisas e estudos e publicam em revistas especializadas no Brasil e Exterior. Recentemente a edição britânica Cancer revelou que quase um terço, 29% de todos os estudos sobre câncer publicados em 2006 pelos jornais Jama (Jornal da Associação Médica Americana), Lancet e New England Journal of Medicine apresentavam claro conflito de interesse já que 17% destes “estudos” foram pagos pela indústria farmacêutica e 12% tinham um funcionário da indústria entre os autores. Esses “detalhes” não foram revelados no momento da publicação influenciando milhares de especialistas em todo mundo. Imaginem que isso só em 2006 e apenas sobre uma doença!



Com tudo isso, são principalmente os médicos (já que são o elo de ligação) que podem e devem colocar limites na ganância sem controle dessa indústria e na cultura vendida para nós, de tomar um remédio para qualquer problema que sofremos ou achamos que sofremos. E nisso, há uma falha na maioria dos médicos que, como o Dr. Antonio Carlos Lopes, presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica, que reúne 40 mil médicos disse, são “papagaios científicos” prescrevendo sem questionamento, aquilo que é passado, muitas vezes, por médicos que são pagos por laboratórios para venderem medicamentos como sendo muito melhores do que são.



Obviamente e é essencial destacar, que temos muitos e muitos médicos que não só não compactuam com essa prática, como também a denunciam. Várias entidades médicas, em todos os níveis, têm tomado medidas para tentar colocar limites nessa prática deplorável, inclusive a Anvisa publicou uma normativa no final de 2008, proibindo a aceitação de brindes e outros “presentes”, mas ainda não surtiu grande efeito, deixando na maioria dos casos a população à mercê da ganância dos laboratórios e de muitos “médicos que ficam subvendidos por essas pequenas miçangas” como diz o infectologista Caio Rosenthal, da Câmara de Bioética do Cremesp (Conselho de Medicina Paulista).



Por isso, é muito importante, sendo inclusive um direito, a população questionar, sim, o seu médico como também procurar outras opiniões para a sua enfermidade.



Petterson Prado é vereador pelo PPS.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Grandes companhias farmacêuticas faturam bilhões com gripe suína

Algumas das maiores companhias farmacêuticas do mundo estão auferindo bilhões de dólares em receita adicional, em meio à preocupação global sobre a expansão cada vez maior da gripe suína.

A reportagem é do jornal Financial Times e publicada pelo jornal Valor, 22-07-2009.

Analistas estimam alta significativa nas vendas da GlaxoSmithKline, da Roche e da Sanofi-Aventis, quando elas divulgarem nos próximos dias resultados do primeiro semestre engordados por encomendas governamentais de vacinas contra a gripe e medicamentos antivirais.

As novas vendas -ao mesmo tempo em que a suíça Novartis e a americana Baxter, que também produzem vacinas, já divulgaram resultados expressivos- surgem no momento em que o mais recente cômputo aponta para um total de mais de 700 vítimas fatais do vírus da gripe A (H1N1) e para milhões de pessoas infectadas em todo o mundo.

A britânica GlaxoSmithKline (GSK) confirmou que até o momento já vendeu 150 milhões de doses de uma vacina pandêmica contra a gripe (o equivalente ao total anual de vendas de vacinas sazonais contra a doença), a países como o Reino Unido, os EUA, a França e a Bélgica, e anunciou que estava se preparando para expandir a produção.

A GSK também produz o Relenza, um medicamento antivírus que reduz a duração e atenua a severidade da infecção, e está se preparando para ampliar a produção, rumo a uma meta de 60 milhões de doses anuais. O governo do Reino Unido encomendou 10 milhões de doses do medicamento neste ano.

Um dos principais beneficiários do temor crescente de uma pandemia foi a suíça Roche, que vende o Tamiflu, o principal medicamento antiviral usado no combate à gripe, e registra alta considerável nos pedidos de governos e empresas privadas.

Uma pesquisa do banco de investimento americano JPMorgan Chase estimou, na semana passada, que governos de todo o mundo já teriam encomendado quase 600 milhões de doses de vacinas contra a pandemia e adjuvantes (produtos químicos que aumentam sua eficácia). Isso representa US$ 4,3 bilhões em vendas, e existe o potencial de vender mais 342 milhões de doses de vacina, ou US$ 2,6 bilhões, no futuro próximo.

O JPMorgan Chase previu que novos pedidos de antivirais podem elevar as vendas da Roche e da GlaxoSmithKline em mais US$ 1,8 bilhão nos países desenvolvidos e, em potencialmente, mais US$ 1,2 bilhão nas nações em desenvolvimento.

Mas também existem incertezas para os fabricantes de produtos farmacêuticos. Com a probabilidade de demanda superior à oferta e os lotes iniciais de produção sugerindo que o rendimento da vacina contra a pandemia é relativamente baixo, as companhias podem ter de enfrentar escolhas difíceis na alocação de produtos aos diferentes países que estão apresentando encomendas.

As companhias também estão sob pressão para fornecer mais medicamentos e vacinas gratuitamente, ou a preços extremamente baixos, para os países em desenvolvimento.




http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=24112