Ano novo, blogs e os erros:
divagações de uma colunista
Daí que houve LuluzinhaCamp aqui em SP. Pra quem não sabe, eu
inventei este encontro porque via muitas mulheres blogando aqui e não as via
nos BlogCamps que organizei em 2007/2008.
Encontros presenciais são um tesouro. Sempre que a gente
pode, tem mais é que promover. [e isso, talvez, seja tema pra outra coluna] a
coisa é que sempre aparece gente nova por lá, porque eu e outra participante
somos professoras – sim, a gente ensina como fazer blog.
Escrever sempre foi uma arte. Como desenhar, fotografar e
programar – e qualquer outra expressão dos nossos bilhões de neurônios. A
história é que blogar vai além da arte de escrever e exige uma montanha de
outros conhecimentos.
Neste último encontro, foi interessante ver uma moça se
batendo com o seu template. Problemas de código (que não soube checar), as
dificuldades que vêm com um CMS novo e poderoso como o wordpress… A lista de
perguntas poderia ter ocupado a tarde inteira – não estivesse o ser humano
entre algumas outras mais experientes que logo mudaram o rumo da prosa.
Fazer blog, para mim, é uma paixão. Eu comecei quase junto
com o Blogger, testando a ferramenta. Só quando descobri a “blogosfera” o que
quer que isso signifique, na época queria dizer uma lista de discussão muito da
bacana onde a gente conversava sem medo de ser feliz, que soube do WordPress e
de suas possibilidades.
Como quase tudo o que sei fazer na vida, aprendi a blogar
fazendo. Eu acredito que isso é porque escrevo – e a gente aprende a escrever
lendo e falando.
Na minha humilde experiência, a primeira coisa que você faz
quando quer aprender algo novo é ouvir quem já faz. No mundo blog, os metablogs
são algo fundamental. Em inglês, comecei a ler o Problogger e o Coppyblogger.
Em português, o Blosque (que era Blogando por
Dinheiro, quando a gente estava no Blogger) e o Quero ter um Blog, dos
queridíssimos Nospheratt e Alessandro Martins.
Ao participar dos grupos de discussão e ler esses (e outros)
blogs, fui aprendendo coisas, pensando, imaginando, questionando o que fazia.
Foi assim que nasceu, há 5 anos, o Ladybug. E dele, outras muitas coisas que
invento internet afora – sem contar o trabalho que paga as contas
Experiência a gente só tem mesmo quando faz. Qualquer bom
selecionador de profissionais sabe disso. A grande história é que é impossível
transmitir toda a experiência que a gente tem – por mais que este seja o desejo
– em X aulas.
A esta altura do campeonato até já está valendo a pena
recapitular um pouco a conversa dos blogs, parece. Porque há uma mudança, que a
gente percebe nas salas de aula, nas conversas com quem está e não está na
internet (sim, ainda tem gente lá fora, acreditem).
Conhecer a ferramenta parece que é o primeiro passo. É e não
é. O primeiro passo é ter conteúdo e saber compartilhar. Lá no encontro do
LuluzinhaCamp a gente chegou a uma definição do que é blog: o lugar. O twitter
e o facebook são as praças onde a gente conta o que está fazendo nos nossos
lugares. Por enquanto, a definição tá servindo bem, parece.
Blogs são sites que a gente mesmo mantém. A grande
característica – notícias mais novas em primeiro lugar, duh – é, talvez a que
mais encana alguns novatos. É preciso um tanto de experiência para saber como
lidar com o fluxo.E o detalhe: quando comecei, láááá em 2002, não tínhamos
Twitter e o Orkut não gerava um fluxo tão rico de notícias quanto o Facebook.
Lidar com o sistema de publicação é algo que exige cérebro e
amigos. Não dá para sair instalando o primeiro plugin que você vê por aí. Como
tudo em sistemas, há questões de segurança intrínsecas. O último vilão aqui no
mundo wordpress foi o thintumb, um gerador automático de thumbs para posts que
abriu brechas de segurança em muitos, muitos blogs – e acabou banido. Só que…
tem muita gente por aí, inclusive em listas badaladinhas, que desenvolve temas
e não sabe disso. Sim, não sabe.
Outra grande invenção do mundo blog – em todo canto onde
aparece – é linkar. Alinkania, como chama o subcomandante Ernani Dimantas (se você
não conhece, deveria), é parte fundamental do nosso modus operandi.
Mostrar novos sites, outros blogs, ideias bacanas, fazer
resenhas, entrevistas, podcasts, o que você conseguir inventar ou reinventar.
Esta é a grande alma do blog. Porque aqui, quem lê sabe, o conteúdo tem que
reinar soberano.
Nas aulas, a gente pode falar, refalar, repetir… quando a
gente vai ler os blogs dos alunos, isso muitas vezes não acontece. E vou contar
um segredo procês: eu costumo adivinhar na largada quais são os blogs que
seguirão.
O ser humano que decidiu fazer o blog tem que SER conteúdo,
ideias e quer compartilhar isso com o mundo. E “mundo” aqui não são os 7
bilhões de viventes – pode ser só a família, inclusive, não tem o menor
problema. E entenda: ser conteúdo é não apenas conhecer com experiência
própria, mas saber pesquisar e criticar o que lê por aí.
Linkania, entretanto, é mais que ser conteúdo. É ter radar –
e navegar muito. Pessoas que são conteúdo costumam abrir abas com novos blogs-sites
em seus navegadores todos os dias. Elas são curiosas, pesquisam, estudam, lêem
como se não houvesse outra coisa a fazer.
Este é, sim, outro ponto importante. Perguntem ao Ghedin
quantos feeds ele assina. Vejam o tanto de conteúdo que gente inteligente
despeja em seus blogs e/ou timelines. Quem encontra quer compartilhar. Se
não tem link (ou foto) não existe. Ponto. Precisa explicar mais?
O grande motivo de escrever este texto, ao fim e ao cabo,
foi ver o quanto os novatos de hoje são diferentes do que eram há 3 ou 4 anos.
Hoje quem chega ao blog quer sucesso, fama e dinheiro. Na
esteira dos PCs Siqueiras, MaryMoons e nãosalvos da vida, haja ilusão. Me
lembra muito o que acontece com a carreira de jornalista – que foi minha por
mais de 20 anos. O que vi de gente indo pro jornalismo porque “queria aparecer
na TV” ou “ser famoso” não cabe no Guiness. E agora tem a mesma história com
blog, Twitter e Facebook. Céus!
A sede humana por fama, glória e reconhecimento é algo que
Freud já explicou no começo do século passado (ou final do retrasado). Velho.
Está com o homem desde o começo dos tempos. Só que a vida é o que é desde
sempre: trabalho duro.
Aqui no Gemind eu fico feliz porque sei que estou entre
pessoas que sabem nos ossos que sucesso vem com trabalho. E que acreditam, como
eu, que blog bom tem opinião, tem voz, constrói comunidade.
Mais que isso. Na internet a gente não tem que construir o
mundo inteiro sozinho. A gente pode fazer um pedacinho, o vizinho faz outro, o
cara do outro lado do mundo, um outro. E o conjunto de pedaços cria um
belíssimo patchwork recheado de conhecimento, opinião, novidades, descobertas.
Do mito do self made man e das histórias de sucesso
reinventadas durante os relatos, tão atravessados pelo onipresente marketing, o
real e o contado podem ter grandes diferenças. A questão é: ter sucesso, na
ilusão mais frequente, requer acertar 100%. E aí todo mundo perde.
O que falhou, o que deu errado não vale? E aí é que está o
grande perigo. Porque você vai aprender é com o erro. Saber o erro, corrigir e
fazer de novo direitinho (seja lá o que isso for) é o que vai te levar em
frente. É da linha de código escondida, da concordância que não funciona ou na
imagem fora de foco que a gente acerta, por incrível que pareça.
De quantos erros se faz um sucesso? Juro que ainda não sei.
Só desejo que, neste ano que começa, seus erros produzam muitos acertos!
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