sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Sobre blogs


Ano novo, blogs e os erros: divagações de uma colunista

Por Lucia Freitas — Publicado em 09/01/2012, às 17:00  116 Visualizações

Daí que houve LuluzinhaCamp aqui em SP. Pra quem não sabe, eu inventei este encontro porque via muitas mulheres blogando aqui e não as via nos BlogCamps que organizei em 2007/2008.
Encontros presenciais são um tesouro. Sempre que a gente pode, tem mais é que promover. [e isso, talvez, seja tema pra outra coluna] a coisa é que sempre aparece gente nova por lá, porque eu e outra participante somos professoras – sim, a gente ensina como fazer blog.
Escrever sempre foi uma arte. Como desenhar, fotografar e programar – e qualquer outra expressão dos nossos bilhões de neurônios. A história é que blogar vai além da arte de escrever e exige uma montanha de outros conhecimentos.
Neste último encontro, foi interessante ver uma moça se batendo com o seu template. Problemas de código (que não soube checar), as dificuldades que vêm com um CMS novo e poderoso como o wordpress… A lista de perguntas poderia ter ocupado a tarde inteira – não estivesse o ser humano entre algumas outras mais experientes que logo mudaram o rumo da prosa.
Fazer blog, para mim, é uma paixão. Eu comecei quase junto com o Blogger, testando a ferramenta. Só quando descobri a “blogosfera” o que quer que isso signifique, na época queria dizer uma lista de discussão muito da bacana onde a gente conversava sem medo de ser feliz, que soube do WordPress e de suas possibilidades.
Como quase tudo o que sei fazer na vida, aprendi a blogar fazendo. Eu acredito que isso é porque escrevo – e a gente aprende a escrever lendo e falando.
Na minha humilde experiência, a primeira coisa que você faz quando quer aprender algo novo é ouvir quem já faz. No mundo blog, os metablogs são algo fundamental. Em inglês, comecei a ler o Problogger e o Coppyblogger. Em português, o Blosque (que era Blogando por Dinheiro, quando a gente estava no Blogger) e o Quero ter um Blog, dos queridíssimos Nospheratt e Alessandro Martins.
Ao participar dos grupos de discussão e ler esses (e outros) blogs, fui aprendendo coisas, pensando, imaginando, questionando o que fazia. Foi assim que nasceu, há 5 anos, o Ladybug. E dele, outras muitas coisas que invento internet afora – sem contar o trabalho que paga as contas :D
Experiência a gente só tem mesmo quando faz. Qualquer bom selecionador de profissionais sabe disso. A grande história é que é impossível transmitir toda a experiência que a gente tem – por mais que este seja o desejo – em X aulas.
A esta altura do campeonato até já está valendo a pena recapitular um pouco a conversa dos blogs, parece. Porque há uma mudança, que a gente percebe nas salas de aula, nas conversas com quem está e não está na internet (sim, ainda tem gente lá fora, acreditem).
Conhecer a ferramenta parece que é o primeiro passo. É e não é. O primeiro passo é ter conteúdo e saber compartilhar. Lá no encontro do LuluzinhaCamp a gente chegou a uma definição do que é blog: o lugar. O twitter e o facebook são as praças onde a gente conta o que está fazendo nos nossos lugares. Por enquanto, a definição tá servindo bem, parece.
Blogs são sites que a gente mesmo mantém. A grande característica – notícias mais novas em primeiro lugar, duh – é, talvez a que mais encana alguns novatos. É preciso um tanto de experiência para saber como lidar com o fluxo.E o detalhe: quando comecei, láááá em 2002, não tínhamos Twitter e o Orkut não gerava um fluxo tão rico de notícias quanto o Facebook.
Lidar com o sistema de publicação é algo que exige cérebro e amigos. Não dá para sair instalando o primeiro plugin que você vê por aí. Como tudo em sistemas, há questões de segurança intrínsecas. O último vilão aqui no mundo wordpress foi o thintumb, um gerador automático de thumbs para posts que abriu brechas de segurança em muitos, muitos blogs – e acabou banido. Só que… tem muita gente por aí, inclusive em listas badaladinhas, que desenvolve temas e não sabe disso. Sim, não sabe.
Outra grande invenção do mundo blog – em todo canto onde aparece – é linkar. Alinkania, como chama o subcomandante Ernani Dimantas (se você não conhece, deveria), é parte fundamental do nosso modus operandi.
Mostrar novos sites, outros blogs, ideias bacanas, fazer resenhas, entrevistas, podcasts, o que você conseguir inventar ou reinventar. Esta é a grande alma do blog. Porque aqui, quem lê sabe, o conteúdo tem que reinar soberano.
Nas aulas, a gente pode falar, refalar, repetir… quando a gente vai ler os blogs dos alunos, isso muitas vezes não acontece. E vou contar um segredo procês: eu costumo adivinhar na largada quais são os blogs que seguirão.
O ser humano que decidiu fazer o blog tem que SER conteúdo, ideias e quer compartilhar isso com o mundo. E “mundo” aqui não são os 7 bilhões de viventes – pode ser só a família, inclusive, não tem o menor problema. E entenda: ser conteúdo é não apenas conhecer com experiência própria, mas saber pesquisar e criticar o que lê por aí.
Linkania, entretanto, é mais que ser conteúdo. É ter radar – e navegar muito. Pessoas que são conteúdo costumam abrir abas com novos blogs-sites em seus navegadores todos os dias. Elas são curiosas, pesquisam, estudam, lêem como se não houvesse outra coisa a fazer.
Este é, sim, outro ponto importante. Perguntem ao Ghedin quantos feeds ele assina. Vejam o tanto de conteúdo que gente inteligente despeja em seus blogs e/ou timelines. Quem encontra quer compartilhar.  Se não tem link (ou foto) não existe. Ponto. Precisa explicar mais?
O grande motivo de escrever este texto, ao fim e ao cabo, foi ver o quanto os novatos de hoje são diferentes do que eram há 3 ou 4 anos.
Hoje quem chega ao blog quer sucesso, fama e dinheiro. Na esteira dos PCs Siqueiras, MaryMoons e nãosalvos da vida, haja ilusão. Me lembra muito o que acontece com a carreira de jornalista – que foi minha por mais de 20 anos. O que vi de gente indo pro jornalismo porque “queria aparecer na TV” ou “ser famoso” não cabe no Guiness. E agora tem a mesma história com blog, Twitter e Facebook. Céus!
A sede humana por fama, glória e reconhecimento é algo que Freud já explicou no começo do século passado (ou final do retrasado). Velho. Está com o homem desde o começo dos tempos. Só que a vida é o que é desde sempre: trabalho duro.
Aqui no Gemind eu fico feliz porque sei que estou entre pessoas que sabem nos ossos que sucesso vem com trabalho. E que acreditam, como eu, que blog bom tem opinião, tem voz, constrói comunidade.
Mais que isso. Na internet a gente não tem que construir o mundo inteiro sozinho. A gente pode fazer um pedacinho, o vizinho faz outro, o cara do outro lado do mundo, um outro. E o conjunto de pedaços cria um belíssimo patchwork recheado de conhecimento, opinião, novidades, descobertas.
Do mito do self made man e das histórias de sucesso reinventadas durante os relatos, tão atravessados pelo onipresente marketing, o real e o contado podem ter grandes diferenças. A questão é: ter sucesso, na ilusão mais frequente, requer acertar 100%. E aí todo mundo perde.
O que falhou, o que deu errado não vale? E aí é que está o grande perigo. Porque você vai aprender é com o erro. Saber o erro, corrigir e fazer de novo direitinho (seja lá o que isso for) é o que vai te levar em frente. É da linha de código escondida, da concordância que não funciona ou na imagem fora de foco que a gente acerta, por incrível que pareça.
De quantos erros se faz um sucesso? Juro que ainda não sei. Só desejo que, neste ano que começa, seus erros produzam muitos acertos!
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